terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Catarse ou vômito para ser mais claro

Diante daquele palco, mais uma vez, me senti completamente verdadeiro. As defesas que me estruturavam foram desmoronando em cada movimento e palavras expressos não mais por uma atriz incrível, mas por um encontro com uma verdade precisa. Às vezes me vejo pensando na dificuldade de me perceber sincero, verdadeiro, íntegro e vivo, de fato. Várias personas, máscaras e atitudes – e por vezes pensamentos forjados – me fizeram enfrentar tête-à-tête algumas circunstâncias que encontrei pelos cenários da vida nesses últimos meses, ou anos (não sei). Não sei bem ao certo se pude sentir a real sobre a morte da minha mãe, talvez seja a primeira vez que expresso assim nesses termos. Por vezes tenho lampejos de que ela ainda estará em casa fazendo coisas que costumava fazer, ou simplesmente chegar e encontra-la na escrivaninha do computador, falando com seus diversos amigos e paqueras (ela era muito admirada pelos homens em festas que frequentava, pelo que me dizia). Assim, de instante paro e "caio na real", não é bem assim, ela não está lá. Raras as vezes que senti o coração apertado em pensar nela, mas quando senti, foi muito doloroso. Com certeza as memórias felizes que tenho dela/com ela são inúmeras e ainda assim me doem, pois não tenho como dizer a ela o quão feliz me faz pensar nessas lembranças. E dessas vezes em que não senti, ou que não me permiti, propositalmente (e não) foi para ser capaz de forçar diversos sorrisos ou algum sentimento empático. NÃO! Não, eu não estava bem o tempo todo. Quem afinal está? Não que tenha que estar. Admito que tenho me cobrado há tempos a voltar a escrever coisas, quando antes escrevia compulsivamente todos os dias. De repente não me vejo escrevendo ou envolvido com nenhum tipo de expressão libertadora, a não ser cantar no chuveiro, em busca de notas afinadas e desenvolver ressonadores e fortalecer o diafragma. Sinto falta, mas onde está o desejo disso tudo? É como se pudesse sentir o cheiro ou nem isso, talvez aquela sensação de quando tem alguém à espreita, perto de você e você não consegue vê-lo. Sei que há, mas onde está não sei. Apareça! Talvez nessas poucas linhas racionais e permeadas de uma dor de cabeça, talvez pela grande quantidade de choro no teatro somada a tantos acontecimentos. Sei lá. Por ora é isso, ou quase isso, ou nem isso se pensar bem...

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